domingo, 17 de julho de 2011

Um dia...

Ontem a mãe do E. veio cá jantar. Os miúdos ficam num alvoroço, todos querem contar  coisas, todos querem a atenção da avó. A M. estava excitadíssima porque tinha sido a festa de final de ano do infantário, e sendo ela finalista, tinha recebido uma cartola, um diploma e um manuscrito da educadora (Esta não esteve presente por estar na recta final da sua gravidez). A M. pediu-me para ler o manuscrito. Eu tentei adiar, disse-lhe que leria amanhã, mas ela insistente, como só ela. Eu começo a ler, a voz começa a falhar, a M. baixa a cabeça com os olhos cheios de lágrimas. Eu continuo a ler mais pausada para ver se consigo terminar, a M. já tem lágrimas a cair pela cara, e eu, estou igual. É o efeito que as palavras de Fernando Pessoa tem  em mim.

"Um dia a maioria de nós irá separar-se. 

Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, 
das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, 
dos tantos risos e momentos que partilhamos. 


Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das 
vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do 
companheirismo vivido. 

Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a
 
viver a sua vida, isolada do passado. 

E perder-nos-emos no tempo..... 

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes 
que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a 
causa de grandes tempestades....
 

O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."

Fernando Pessoa

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